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Fusão entre Arezzo e Soma: Melhor para quem?

Atualizado: 23 de fev.

Por Diego Oliveira.


A Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3) assinaram há cerca de duas semanas um acordo de fusão, após intensas negociações há dois anos. A nova companhia terá como presidente-executivo Alexandre Birman, atual CEO da Arezzo. Já Roberto Jatahy, CEO do Grupo Soma, vai comandar a unidade de vestuário feminino. Dessa maneira, tal acordo resultou na maior fusão do varejo desde a união de Raia e Drogasil, em 2011, com uma expectativa de chegar a R$13 bilhões de receita para 2024 considerando as duas companhias.


O varejo de moda encontra-se estagnado. M&A surge como a melhor opção para crescimento?


Em um alto cenário de competição em um setor fragmentado notamos que, mesmo assim, o Grupo Soma e a Arezzo mantêm uma boa parcela de market share, atingindo 5,1% juntas, enquanto, a líder do setor - Renner - detém 7,0%. Com um foco sólido na estratégia de crescimento inorgânico por meio de M&As de várias marcas, as companhias buscam expandir sua presença em relação aos seus peers, ganhando maior influência em regiões com alcance limitado para vários segmentos de público. Portanto, acreditamos que essa fusão mantém uma sólida posição competitiva de ambas, alinhada com sua expansão, permitindo conquistar uma boa margem para consolidação a médio prazo.




Overview do Grupo Soma e Arezzo


O Grupo Soma gera sua receita predominantemente por meio da comercialização de vestuário e acessórios em uma extensa rede de mais de 1000 lojas em todo o território brasileiro, tendo como pilar de sua atividade o setor varejista, que abarca tanto lojas próprias quanto franquias. Com um ecossistema diversificado e composto por 10 marcas complementares (dentre elas a Hering, adquirida em 2021), a empresa se destaca ao atender a uma base ativa de clientes. Vemos que esse modelo de negócios se torna mais viável graças à estratégia que combina a presença de lojas próprias com franquias em todo o país.





Fundada em 1972 por Anderson Birman e liderada por seu sucessor, Alexandre Birman, a Arezzo construiu um extenso portfólio focado na comercialização de sapatos e bolsas (75% das vendas), que engloba 19 marcas em seu catálogo, se intitulando como uma "house of brands". Com presença em quase 1000 lojas  e uma base de 5.4 milhões de clientes, a empresa atingiu uma receita bruta de R$5.2 bilhões em 2022, em comparação com os R$5.6 bilhões do Grupo. Buscando o destaque, a Arezzo adotou uma estratégia de crescimento que incorpora M&As, como a aquisição da Reserva, bem como o licenciamento de marcas conhecidas, a exemplo da Vans. Adicionalmente, a empresa busca expandir por meio de lojas físicas, uma vez que o metro quadrado por loja é reduzido (70m²), permitindo mais aberturas em novas regiões. 


Além disso, a Arezzo estabeleceu um processo de produção com a operação de sua própria fábrica, aumentando sua capacidade de produção voltada para calçados e bolsas. Em meio a um ambiente sensível economicamente no varejo de moda, que frequentemente é caracterizado pela estagnação, a companhia se posiciona como um player que busca a expansão, consolidando-se, para nós, como a principal companhia que oferece as maiores possibilidades de sinergias para o Grupo Soma, dada a semelhança do número de lojas, base de clientes, indicadores e público-alvo. 


Arezzo amplia o mercado endereçável com a Hering


A aquisição da Hering pelo Grupo Soma representou uma transformação em termos de escala e penetração de mercado.  A incorporação das operações e receitas da Hering trouxe consigo o prestígio e reputação da marca no segmento de moda. Isso impulsionou de forma considerável a receita do Grupo, uma vez que a marca Hering já possuía uma base consolidada de 3 milhões de clientes de e uma presença com um forte público. Esse fator, por si só, contribuiu significativamente para o crescimento da receita, diversificação do portfólio do Grupo Soma e maior market share.


Inicialmente, o Grupo Soma operava em um mercado com um valor estimado de R$30 bilhões, mas com a inclusão da Hering, o seu mercado endereçável expande-se de maneira expressiva, ultrapassando a marca dos R$110 bilhões. Esse movimento se insere em um contexto em que o mercado se apresenta pulverizado, o que, por sua vez, proporciona uma boa oportunidade para a consolidação, em que concluímos que esse crescimento de 3,8x no mercado endereçável total reforça o potencial dessa M&A. Também vale ressaltar que a ampliação do acesso às classes B e C+ do público é uma jogada estratégica, visto que a classe C é a maior do Brasil, permitindo uma penetração em um segmento de consumidores em constante crescimento, caracterizado por uma maior demanda por marcas distintas e experiências de compra premium. Dessa forma, esse movimento deixa a Arezzo mais ampla e com know-how em mais públicos,  além da possibilidade de co-brand com marcas renomadas A e B+ após a junção com a Soma.



Conclusão


Portanto, na nossa visão, as sinergias decorrentes da fusão entre ambas as empresas, aliadas aos ganhos vindos da otimização da produção, poder de barganha com fornecedores e eficiência operacional serão realizadas a médio prazo. Este cenário é favorecido pela expertise da Arezzo nos produtos core  - sapatos e bolsas - e pela know-how da Soma em vestuário feminino (acompanhada pela Hering), com parques industriais localizados em SC e GO. Nesse contexto, acreditamos que a integração proposta representa uma parcela das sinergias potenciais, viabilizando, para além disso, em collabs entre marcas caracterizadas por seu forte brand equity,  como Arezzo, Farm e Animale, entre outras. Este enfoque visa atrair e fidelizar mais clientes, ao mesmo tempo em que eleva a margem bruta  através de maiores precificações, em linha com a integração de backoffice, gerando valor para ambas.


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