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O G20 e a necessidade de abertura comercial brasileira

 

Impactus UFRJ

João Guilherme Dias /Analista Sênior

Pedro Emanuel /Analista Sênior

 

  1. O que é o encontro do G20?


O G20 é um grupo internacional formado pelas 19 maiores economias globais, mais a União Africana e a União Europeia, com todos os continentes contemplados. Foi inaugurado em 1999 durante uma reunião dos líderes das 7 maiores economias (G7), sendo uma das iniciativas criadas após a Segunda Guerra Mundial, visando estabelecer um canal de diálogo entre as potências. As reuniões ocorrem uma vez por ano e a escolha do país para sediá-las parte da diplomacia entre as nações do determinado grupo da vez. Cada tema a ser discutido ao longo dos encontros é determinado pela organização do país-sede, no entanto sempre tange assuntos ligados à economia e governança global. 


Em 2024 o Brasil sediará pela primeira vez o evento do G20, com os chefes de Estado e Ministros se encontrando no Rio de Janeiro. Os presidentes das duas maiores economias globais, EUA e China, confirmaram sua presença neste G20. Este é um momento ideal para analisarmos o cenário do comércio exterior do Brasil, frente à uma potencialidade pouco explorada, seja pela ausência de acordos preferenciais consolidados, seja pelos caminhos chineses (principal parceiro econômico do Brasil) da nova era Trump. 


  1. Situação atual da abertura comercial brasileira 


O Brasil apresenta uma taxa de abertura econômica, medida a partir da soma de exportação e importação sobre o PIB, extremamente baixa (28% em 2018, segundo dados do World Bank), enquanto países semelhantes, como o México (80% em 2018), se destacam. A taxa de liberdade de comércio brasileiro, medido pela Heritage Foundation, expressa tanto as tarifas impostas como barreiras de entrada, quanto a saúde das políticas e das leis de comércio internacional. O Brasil ao sempre estar posicionado aquém de seus pares pertencentes ao G20, nos revela o caráter muito taxativo e distante das cadeias globais de comércio. 




  1. Quais os benefícios de abrir a economia?


A abertura comercial promove uma série de mudanças na dinâmica da economia, no entanto os benefícios que discutirei a seguir só poderão ser integralmente alcançados junto a reformas de aprimoramento institucional. 


Ao tornar a economia de uma nação mais aberta às trocas internacionais, a competitividade dos produtos domésticos com os estrangeiros fica mais intensa, gerando inovações que promovem os ganhos de produtividade. Dentre essas inovações, destacam-se: 


“alocação mais eficiente de recursos, ganhos de especialização e escala, aumento da variedade de bens e serviços intermediários à disposição dos produtores e acesso a novas capacitações e tecnologias”. 

CDPP & CINDES (2016). A Inserção Internacional da Economia Brasileira.

Propostas para uma nova política comercial.


  1. Como abrir a economia brasileira?


Há diversos meios de tornar uma economia mais aberta para com o resto do mundo, e, assim, tornar os indicadores antes mencionados mais benéficos. Apesar de no Governo Collor o Brasil ter passado por um processo de liberalização comercial, ainda há muito que pode ser feito. 


Em primeiro lugar, uma reforma interna visando a reduzir ou mesmo a alterar as tarifas impostas sobre exportação e importação já seria um grande passo para mitigar o protecionismo nacional. Além disso, ainda em um âmbito doméstico, investir em melhorias infraestruturais de portos e estações aduaneiras seria uma forma de atrair mais comércio para a nação. 


No que se refere à alterações de esfera internacional, adentrar a organizações, como a OCDE, seria de suma importância para este passo na trajetória de abertura brasileira. Esse tipo de acordo possui enorme ligação com a reunião do G20, onde há a abertura para se tratar desses pontos junto a diversos membros desses grupos. 


Por fim, acordos comerciais preferenciais com países, apesar de sofrerem certas críticas referentes à uma abertura limitada, são fundamentais para o processo de liberalização de trocas globais. Alguns tratados estão em andamento ou possuem enormes potencialidades, como o de bens agrícolas com a União Europeia e alguns com o México. Ademais, sendo a China nosso principal parceiro econômico, nada mais interessante do que aprofundar esse laço através desses tratados de prioridade de trocas. 


  1. Proposta chinesa


Eleito presidente dos EUA, o republicano Donald Trump mantém promessas de aumentar tarifas de importações para alguns parceiros comerciais, em especial à China. Em seu planejamento, Trump promete a imposição de uma alíquota de no mínimo 60% para produtos chineses. 


Uma possível guerra comercial entre China e EUA, que já ocorreu entre 2017 e 2021, durante o primeiro mandato de Trump, atingirá a China em setores de mais tecnologia, que, por sua vez, poderá responder com a taxação de produtos agrícolas dos EUA, como forma de retaliação. Nesse contexto, o agronegócio brasileiro pode se beneficiar, com aumento das exportações para o mercado chinês. Um exemplo foi o ocorrido em 2019, quando a China aplicou uma tarifa de 25% sobre diversos produtos dos EUA, incluindo a soja, abrindo espaço para fornecedores brasileiros.


Além disso, é importante ressaltar que é pouco provável que haja um aumento de impostos de importações de produtos brasileiros por parte dos EUA. O Brasil é o principal fornecedor de café dos Estados Unidos, com o país sendo um dos maiores consumidores mundiais da bebida. O setor cafeeiro sustenta mais de 2,2 milhões de empregos nos EUA, representando cerca de 1,3% da economia do país. Desse modo, seria insensato do governo norte-americano a aplicação de taxas punitivas para as exportações brasileiras.


Assim, uma ampliação das tensões comerciais globais, apesar de sinalizar um risco inflacionário global, principalmente em relação aos produtos que possuem um maior grau de tecnologia, também representa uma grande oportunidade de ganho de mercado para a economia brasileira, que pode se favorecer de um maior volume de exportação para o gigante asiático, sem necessariamente perder mercado estadunidense. Logo, promovendo uma abertura maior da nossa economia. 




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