por Luiza Marcheni
(Confira a parte 1 da nossa Introdução aqui.)
Ainda existem alguns conceitos triviais porém muito pertinentes para se entender o mercado acionário. Nesse sentido, uma dúvida muito comum entre pessoas que ainda estão iniciando suas jornadas como investidores é: O que são ações ordinárias e preferenciais e quais seus prós e contras?
Tipos de ações: preferenciais e ordinárias; ações de empresas small caps, mid caps e blue chips
Primeiramente, as ações ordinárias são aquelas em que o acionista tem os direitos de voto em assembleias e de participação na gestão da empresa. No entanto, essa atuação ativa dependerá do volume de ações que cada acionista retém. Assim, investidores minoritários podem não se beneficiar deste tipo de ação. Contudo, cabe lembrar que elas garantem uma proteção aos sócios minoritários, o tag along, que permite a venda das ações em pelo menos 80% do valor de mercado, para caso ocorram mudanças na composição dos investidores majoritários da companhia.
Já as ações preferenciais dão ao acionista uma prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso de capital caso a empresa vá à falência. Ademais, como elas são mais negociadas na bolsa, têm maior liquidez. Nessa perspectiva, por conta das vantagens supracitadas, os investidores minoritários tendem a preferir esse tipo de papel em detrimento das ações que eles só teriam benefícios caso possuíssem um alto volume de papéis.
Agora que já discutimos sobre os tipos de ações, iremos discorrer acerca de uma outra classificação de ações, que está diretamente relacionada ao tamanho das empresas no mercado.
Existem as small caps: ações de empresas que têm baixa capitalização, ou seja, um valor de mercado menor do que os papéis de grandes companhias listadas na bolsa - mais especificamente, até um teto de 2 bilhões de dólares. Elas são, normalmente, empresas novas que ainda não são líderes em seus setores, mas que visam crescer no mercado. Além disso, uma característica muito comum nesse tipo de ação é a liquidez mais reduzida, ou seja, são pouco movimentadas na bolsa de valores.
Se suas ações têm valor de mercado mais baixo, baixa liquidez e são - muitas vezes - novas na B3, por que você iria querer investir em small caps? Porque, normalmente, são empresas que têm alto potencial de crescimento e, consequentemente, maiores possibilidades de retornos acima da média. Um bom exemplo de como funciona essa dinâmica são as ações da PetroRio, que valorizaram mais de 103% nos últimos 12 meses. Ademais, cabe lembrar que, antes de investir em small caps, é preciso entender o seu perfil de investimento, analisar a empresa e desenvolver sua opinião sobre ela, entendendo todos os riscos intrínsecos à companhia.
Além das small caps, temos as mid caps e as blue chips. As primeiras, referem-se a empresas que possuem um nível médio de capitalização, entre 2 a 10 bilhões de reais, e a segunda referem-se às grandes empresas, também conhecidas como large caps, com um valor de mercado acima de R$10 bi. Cabe dizer que as blue chips, além de serem mais valiosas, são já reconhecidas e estabilizadas no mercado, o que dá aos seus investidores potenciais uma maior segurança e menor risco, refletindo em retornos menores. Como exemplo de uma large cap, temos a Vale, com capitalização de mais de R$313 bi., cuja valorização, nos últimos 12 meses, foi de um pouco mais de 27%.
Direitos provenientes das ações: dividendos e juros sobre capital próprio
Nesse sentido, existe um outro questionamento muito comum: há alguma outra maneira de obter ganhos com ações sem ser por meio da venda de papéis a valores maiores do que o preço de compra? Sim! Isso é possível por meio de dividendos, bonificações e juros sobre o capital próprio.
Basicamente, os dividendos são uma forma de as empresas remunerarem seus investidores por meio da distribuição de uma parcela dos lucros, sendo que elas pagam o imposto sobre ele. Os juros sobre capital próprio, por sua vez, funcionam de forma parecida com os dividendos, com a única diferença que os acionistas são tributados pelo recebimento deles. Isso acontece porque os JCP são entendidos, pela contabilidade, como uma despesa para a empresa, portanto, são descontados do lucro líquido. Isso dá um benefício fiscal a elas mas, em contrapartida, os acionistas são tributados em 15% na fonte.
Como já entendemos as principais classificações de ações na bolsa de valores e alguns direitos provenientes delas, agora podemos falar sobre os índices de mercado. Eles são uma carteira teórica de ações de um segmento específico e atuam como indicadores que avaliam a performance do mercado durante determinado período.
Índices do mercado acionário
Um dos principais índices da B3 é o IBOVESPA. Ele reúne as mais importantes empresas da B3, que representam 80% do número de negócios do mercado de capitais e é reavaliada a cada 4 meses, sempre seguindo os critérios da metodologia da bolsa. Assim, é considerado o indicador mais importante de desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Como esse índice considera os resultados de um investimento hipotético, quando a pontuação do Ibovespa sobe, isso quer dizer que, na média, as ações que o compõem se valorizaram. Se ele cair, significa que boa parte dos papéis fecharam o dia no vermelho.
Além do IBOVESPA, existem diversos outros índices, como o SMLL, que reúne as empresas de menor capitalização da B3, as small caps, e o IBrX- 50, que inclui os 50 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. Por meio desses índices, podemos conhecer o desempenho médio de diversos segmentos dentro da bolsa e, com isso, ter dados que auxiliem na formação de uma opinião sobre os setores da economia e as empresas de capital aberto.
Até aqui, já entendemos um pouco mais sobre: o que são ações; suas classificações; como elas podem ser agrupadas para formar carteiras fictícias e como elas podem auxiliar na análise do desempenho do mercado. Agora o próximo passo é aprender como são feitas as análises dos papéis, para podermos, efetivamente, entender como acontecem os investimentos no mercado acionário! Então fiquem ligados no próximo Mulheres Explicam o Mercado Financeiro, nas redes da Impactus UFRJ.
Disclaimer: reforçamos que todo o conteúdo da Impactus UFRJ é feito apenas sob propósito didático, não sendo nossa intenção fazer qualquer orientação ou recomendação sobre qualquer tipo de investimento.
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